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Muitas dúvidas existem com relação à psiquiatria e aos psiquiatras. Mesmo pessoas que às vezes nos procuram, dizem não saber muito bem o que eles devem falar, ou trazer para a consulta. Com certeza, este é um cenário em mudança, uma vez que a sociedade cada vez mais reconhece a importância da saúde mental. A psiquiatria é uma especialidade médica dedicada aos cuidados dos portadores de transtornos mentais. A saúde mental tem um grande impacto, em parte pela alta prevalência dos transtornos mentais e do peso que estes trazem à sociedade.

Perdas causadas por doenças mentais

Entre as 10 principais doenças a causar perdas globais, em termos de anos de vida vividos com limitações, cinco delas são psiquiátricas, sendo a depressão a doença com maior impacto em países em desenvolvimento. Infelizmente, ainda não há um investimento em saúde mental proporcional a este impacto. A maior parte dos países investe menos de 2% dos orçamentos em saúde nesta área, assim como ocorre em nosso país. Contudo, há um grande movimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) em estimular o empenho e interesse numa boa saúde mental. 

A saúde mental é um campo multidisciplinar, que inclui a participação de psiquiatras.

 

Especialidade

Para se receber um título de especialista, o profissional ou a profissional tem um longo caminho a percorrer. Após a formação em medicina devem fazer uma residência, com duração de 3 anos em psiquiatria. O Ministério da Educação (MEC) determina que as matrizes de competências para esta formação tenham conhecimentos amplos em várias áreas, como as neurociências, desenvolvimento psicológico, epidemiologia, psiquiatria social, psicologia médica, psicopatologia, psicofarmacologia, psiquiatria clínica, psiquiatria forense, psicoterapia, psiquiatria da infância e adolescência, psiquiatria geriátrica, psiquiatria forense, drogadependencia, metodologia científica, assim como conhecimentos de neuroimagem, laboratórios, com estágios obrigatórios na clínica médica e na neurologia.

As médicas e os médicos em formação passam pelos vários cenários de atuação do psiquiatra nas unidades básicas de saúde, centros de atenção psicossocial, cenários ambulatoriais e hospitalares e nas emergências. Sendo capacitados para exercer atividades clínicas e psicoterápicas, nas várias fases da vida desde o nascimento até na velhice.

A psiquiatria existe como especialidade desde o final do século XVIII, tendo como marco a ação do psiquiatra francês Philipe Pinel, influenciado pelos valores trazidos pela revolução francesa, propondo tratamento às pessoas com problemas psiquiátricos, libertando-as de prisões e sentenças de morte, por serem vistos como possuídos ou degenerados. A psiquiatria é firme contra o estigma com relação às doenças mentais e tem como meta a integração dos portadores de transtorno mental na sociedade. Infelizmente, o estigma é o maior obstáculo para que as pessoas recebam cuidados especializados, apesar de todos os avanços no conhecimento. A psiquiatria é uma especialidade pioneira no trabalho em equipe multidisciplinar. O psiquiatra trabalha com profissionais da psicologia, terapia ocupacional, enfermagem, serviço social, fonoaudiologia, nutrição e com as várias especialidades da medicina.

 

Philippe Pinel 1745 1826Philipe Pinel (Imagem: Internet/Reprodução)

A psiquiatria tem avanços significativos associados aos estudos da epidemiologia, clínica e das neurociências, aperfeiçoando o diagnóstico e as terapêuticas. Contudo, estes avanços nem sempre chegam à população, devido a barreiras como o estigma e o financiamento inadequado. Com o propósito de suplantar estas barreiras a OMS propõe o “Mental Health GAP (MH-GAP)”, com ações de difusão do conhecimento e capacitação de profissionais de saúde para o atendimento a populações com pouco ou nenhum acesso a tratamentos baseados em evidências científicas na área de saúde mental.

Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, existe desde a fundação da Escola Paulista de Medicina (1933). É um dos departamentos mais importantes na especialidade no país, tendo professores e egressos que são destaques na medicina brasileira e mundial. O departamento participa nos 6 anos da graduação de medicina com cursos e na graduação de cursos do campus São Paulo. Conta a residência médica, com 45 vagas para residentes de psiquiatria geral e 12 residentes de 4º ano em especialidades da infância e adolescência, psicoterapia e psiquiatria geriátrica. O departamento tem uma pós-graduação forte com nota 6 na CAPES com intensa produção científica e formação de mestres, doutores e pós-doutores na área de psiquiatria e ciências da saúde.

Caism

O Departamento de Psiquiatria tem atividades assistenciais no hospital São Paulo realizando interconsulta psiquiátrica aos pacientes de outras especialidades, e principalmente no Centro de Atenção Integrado de Saúde Mental, o Caism/Unifesp, localizado na Rua Major Maragliano 241, na Vila Mariana.

 

CAISM novo acordo portalFachada do CAISM (Foto: Alex Reipert/DCI/Unifesp)

 

O Caism tem um serviço de emergência psiquiátrica, 24 horas, com 12 leitos de observação, uma enfermaria psiquiátrica para internação. Conta com o ambulatório para o atendimento das várias condições psiquiátricas especializadas, e conta com um hospital-dia, como um cenário intermediário, entre o ambulatório e a internação. É montado dentro de um modelo de atendimento integral como parte da rede de saúde pública. É um centro aberto à comunidade, numa ampla área com muito verde, promovendo atividades como shows, festas, eventos, para uma participação aberta não somente aos portadores, mas de seus familiares e de toda comunidade. É um centro de excelência, que continua com a missão de cuidar dos portadores de doenças mentais, e integrando-os à comunidade.

 

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Por Marcelo Feijó de Mello

Professor do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina - EPM/Unifesp. Outras informações: clique aqui